O Departamento de Geografia da Universidade do Minho teve a seu cargo a organização do XIV Colóquio Ibérico de Geografia, nas cidades de Guimarães e Braga, em 2014. No seu âmbito foi proposto à Biblioteca Pública de Braga (BPB), enquanto Unidade Cultural daquela Universidade, a coordenação de uma mostra de obras de Geografia, com base nos seus fundos e colecções e ilustrativa das principais etapas da evolução da História e do Ensino deste campo do conhecimento.

A preparação da exposição intitulada O Mundo em 80 m2, no quadro do eixo temático “Pensamento Geográfico e Ensino da Geografia” do referido Colóquio, revelou a existência de inúmeros mapas insertos nas centenas de livros de Geografia, em corografias, em livros de viagens, em manuais de ensino e, naturalmente, em atlas, entretanto identificados, sobretudo nos núcleos de “Reservados” e de “História e Geografia” da BPB (Araújo et al., 2014).

Partindo desta experiência, aquando da realização do VI Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, ocorrido em Braga, em Novembro de 2015, coordenado pelos Departamentos de Geografia das Universidades do Minho e do Porto, foi proposta a organização de uma outra exposição, exclusivamente de Cartografia antiga.

Com a preparação e realização desta nova exposição denominada A Universal Pintura. A Cartografia nas coleções da Biblioteca Pública e o Arquivo Distrital de Braga, foi possível ampliar o anterior trabalho de identificação de imagens, alargando-se o universo da pesquisa a outras áreas do saber, bem como a outros núcleos documentais da BPB, o que permitiu identificar um universo de várias centenas de exemplares cartográficos, abrangendo um período cronológico entre os finais do século XV e a primeira metade do século XX (Dias, 1996). De modo a contextualizarmos esta importante coleção, importa conhecermos a génese da Biblioteca que, presentemente, celebra os seus 175 anos.

A BPB foi criada em 1841, na sequência da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). A sua génese enquadra-se claramente na política cultural defendida e promovida pelo Regime Liberal (Barata, 2003). Contudo, a inauguração oficial da instituição só ocorreu em 1857, tendo esta sido instalada no edifício do extinto Convento da Congregação dos Oratorianos, no centro da cidade de Braga (Figura 1), aí permanecendo até 1934, quando se transferiu para uma das alas do antigo Paço Arquiepiscopal, que ainda hoje constitui a sua sede (Feio, 1920; Nunes, 1991).

image001_03
Figura 1. Primeiro Edifício da Biblioteca Pública de Braga: extinto Convento dos Congregados (Oratorianos ou Congregação de São Filipe de Neri).

À semelhança de tantas outras bibliotecas portuguesas criadas na mesma época, as colecções iniciais da BPB (cerca de 20 000 volumes) eram provenientes de diferentes instituições monásticas, em particular das do Noroeste de Portugal, da região de Entre Douro e Minho, na sequência da extinção das ordens religiosas, em 1834 (Cabral, 1998; Cid, 1997; Nunes, 1992). Até ao século XIX, o ensino em Portugal esteve largamente monopolizado pela Igreja, pelo que as livrarias conventuais e de colégios religiosos, eram compostas por obras das mais variadas áreas do saber, com particular destaque para os livros de História e de Geografia (Cabral, 1992; Garcia, 1999). Com o passar dos anos, a BPB incorporou mais fundos bibliográficos com origem em aquisições e doações particulares, com as mais variadas temáticas. A partir de 1931, passou a receber as obras de Depósito Legal, o que permitiu ampliar, ainda mais, um acervo que, presentemente, ascende a mais de 400 000 monografias e 27 000 títulos de publicações periódicas. A coleção de livro antigo conta com 25 000 volumes, entre os quais existem 200 obras raras de tipografia portuguesa do século XVI e 53 incunábulos (Figura 2). Foi particularmente nestes últimos núcleos que procurámos os mapas (Nunes, 1994; Tavares, 1990).

image003_01
Figura 2. Núcleo “História e Geografia” da Biblioteca Pública de Braga

Todo o processo que decorreu na BPB, e que descreveremos em seguida, só foi possível graças à atenção, coordenação e colaboração do seu Diretor, Dr. Elísio Maia Araújo, e da Dr.ª Rosa Macedo da Cunha, bem como de toda a restante equipa de funcionários da instituição, que acompanharam e participaram diretamente nas várias fases do projeto, nomeadamente, José Alberto Gomes, Maria Felicidade Gonçalves, Alfredo Barbosa e Eugénio Silva.

A identificação das obras passíveis de conterem material cartográfico foi feita de forma abrangente, recorrendo aos instrumentos de pesquisa disponíveis, particularmente os catálogos antigos, manuscritos, cujo conteúdo foi cruzado com a informação proveniente dos catálogos manuais e do catálogo em linha, de forma a garantir-se o controlo do universo selecionado.

Esta primeira etapa de selecção das obras, abrangeu os núcleos “História e Geografia” (cotas H.G.); “Mapas” (Ms); “Ciências e Artes” (S.A.); “Reservados” (Res.) e “ Fundo Manuel Monteiro” (MM). No seu conjunto foram identificadas e consultadas algumas centenas de obras, a partir das quais se elegeram cerca de 500 títulos, entre monografias, memórias, descrições e relatórios de viagens, atlas e enciclopédias geográficas.

Após estas etapas iniciais, procedeu-se à localização, avaliação e digitalização de todas as imagens cartográficas encontradas e, simultaneamente, fez-se uma seleção mais restrita dos exemplares que integrariam a exposição e o respetivo catálogo, baseada em critérios gerais e práticos, como as características físicas das peças, o estado de conservação e o seu valor histórico, de modo a permitirem a representatividade do universo cartográfico no seu conjunto e a sua adequação ao espaço Luso-Brasileiro, tema da reunião de Cartografia Histórica.

As descrições bibliográficas das obras onde os mapas estavam inseridos foram elaboradas de acordo com as normas internacionais definidas pela Biblioteca Nacional de Portugal, em estreita colaboração com os técnicos da BPB. Por sua vez, as descrições bibliográficas do material cartográfico mereceram uma atenção particular, pelos desafios colocados (Dias et al., 1995; Garcia, 2001).

Desde logo, se a identificação da(s) autoria(s) dos mapas para atribuição do encabeçamento das fichas poderia parecer uma tarefa facilitada, já que se tratava de um universo de mapas impressos, mais ou menos conhecidos, na prática esta atribuição nem sempre foi imediata e consensual. Tanto quanto possível, procuraram-se indicar todas as autoridades envolvidas na produção dos documentos (Figura 3). Assim, entre as autoridades que contribuem para a autoria do mapa, encontram-se os geógrafos/cartógrafos (que também podem ser viajantes, militares, comerciantes, religiosos…), os gravadores, os impressores, os editores e os livreiros. Muitos destes, sobretudo em França e, depois, em Inglaterra, no século XVIII, também se intitulavam “geógrafos”.

image006_01
Figura 3. DOURADO, Fernão Vaz, ca.1520-ca.1580 [Africa Ocidental] Mapa mûdo […] Que trata. De todos os Reinos. Teras. Ilhas. que haa na redomdeza: Da terá cõ ssuas derrotas e alturas. per esquadria. Em goa 1571 / Que ffez ffernnão vaz dourado frõmteiro nestas partes ; copiado […] por B. M. d’A ; Lith. de A. C. de Lemos. – Escala [ca. 1:13 600 0000]. – 1 mapa : gravura, p&b ; 29,2 x 43,8 cm em folha de 32,0 x 44,7 cm. Escala determinada com o valor calculado 8,2 cm para 10 graus de latitude. – Contém a seguinte informação sobre o local de impressão, em Lisboa: “Largo do Quintela nº 1”. In: Memória sobre a prioridade dos descobrimentos na costa ocidental de África / [2º Visconde de Santarém]. – Porto : Imprensa da Revista, 1842 . – [Mapa inserido no final da obra]. HG 1710 A

Frequentemente associada às autorias, surgiu a questão das edições. Muitos dos mapas descritos conheceram diferentes edições, pelo que se tornou imperioso identificar e datar cada exemplar. Só através da comparação direta, apoiada na consulta de obras de referência e em catálogos em linha das principais bibliotecas e cartotecas nacionais e internacionais, foi possível atribuir datação e um mais seguro percurso editorial aos mapas. Uma redobrada atenção é sempre exigida, mesmo nos casos aparentemente simples. Três exemplos de problemas encontrados.

Os volumes I, II e III, de Delle Navigationi e Viaggi de Ramusio, existentes na BPB, pertencem a distintas edições; a suposta obra de Ptolomeu, como se indica na lombada da encadernação do volume, é afinal o Theatri Geographiae de Bertius, onde Ptolomeu se encontra entre outros autores, numa rara edição de Amsterdão, de 1618; o “Mappe-Monde” incluído no Dictionnaire Géographique portatif (1795), de J. Fr. Bastien, é uma figura retirada da obra de Jean-Jacques Fillassier, Éraste, ou l’Ami de la Jeunesse (1ª ed., Paris, 1773), sobre a qual foi colado um triângulo de papel para ocultar a primitiva origem (Figura 4).

image008_01
Figura 4. MAPPE-MONDE. Mappe-Monde. – Escala [ca. 1: 200 000 000]. – 1 mapa : gravura, p&b ; 14,8 x 28,8 cm em folha de 19,4 x 30,3 cm. Escala determinada com o valor calculado 1,1 cm para 20 graus de latitude. No topo do mapa foi colado um fragmento de papel que oculta a seguinte informação impressa: “Fig. 2 Eraste 12º Entretien Page 654”. Deve tratar-se da reutilização de um dos mapas insertos na obra de Jean-Jacques Fillassier (1745-1799), Éraste, ou l’Ami de la jeunesse, entretiens familiers (1ª ed., Paris: Vincent, 1773). In: Dictionnaire Géographique portatif, des quatre perties du monde / traduit de l’Anglais sur la dernière édition de Laurent Échard, par Vosgien. – Nouvelle édition, revue, rectifiée, mise en ordre & augmentée / par J. Fr. Bastien . – A Caen : Chez G. Le Roy, Imprimeur-Libraire, 1795 . – [Mapa inserido no final da obra]. HG 586 V

Embora seguindo a metodologia adotada pela Biblioteca Nacional, nem sempre foi possível fazer o cálculo e/ou a conversão das escalas, em especial no caso das vistas, dos mapas sem perspetiva planimétrica ou dos mais gerais e simplificados. Os restantes mapas e plantas, particularmente os exemplares datados a partir do século XVIII, apenas requereram atenção no que respeita às unidades antigas de medida, indicadas nas escalas gráficas insertas nos documentos. Na falta desta informação, a escala foi atribuída por comparação com outros mapas de escala conhecida, ou por cálculos efetuados a partir, por exemplo, dos valores das coordenadas geográficas (Marques, 2001).

Informação especialmente interessante, entre a muita registada a partir de cada obra selecionada, foi a respeitante à sua posse. Pelos carimbos, assinaturas ou ex-líbris foi possível reconstituir itinerários e identificar leitores dos livros e dos mapas. Apenas alguns exemplos.

O exemplar da Historia Geral de Ethiopia a Alta… (Coimbra, 1660), dos jesuítas Manuel de Almeida e Baltazar Teles, que contém o primeiro mapa detalhado da Etiópia (Figura 5), e um outro com a provável localização das nascentes do Nilo, pertenceu ao Abade Charles-François Garnier (1722-1804), geógrafo do rei da Polónia e capelão da Igreja de São Luís dos Franceses, em Lisboa, entre 1775 e 1804 (Caetano, 1998). O Atlas Portatif (S.l., 1790) do Abade Grenet, professor do College de Lisieux, “Deixou para o Seminario de S. Pedro de Braga o Exmo Bispo de Carrhae, Reitor do mesmo”. Trata-se de D. João José Vaz Pereira (1770-1830), Bispo Auxiliar de Braga entre 1821 e 1830.

image010_01
Figura 5. ALMEIDA, Manuel de, 1578-1646, S. J. Taboa das Terras e Reinos do Imperio Abexim ou Arabia. – Escala [ca. 1: 530 000], 60 léguas [de 18 ao grau?] = [6,7 cm]. – 1 mapa : gravura, p&b ; 27,0 x 37,5 cm em folha de 29,5 x 39,0 cm. In: Historia geral de Ethiopia a alta, ou Preste Ioam, e do que nella obraram os padres da Companhia de Iesus composta na mesma Ethiopia / pelo Padre Manoel d’Almeyda, natural de Vizeu; abreviada com nova releyçam, e methodo pelo Padre Balthezar Tellez, natural de Lisboa. – Em Coimbra: na oficina de Manoel Dias, impressor da universidade, 1660. – [Mapa inserido entre as p. 10 e 11]. Per.: “Ex Libris Caroli-Francisci Garnier, et Amicorum”. Res 151 P

A pertença das obras às diversas livrarias conventuais de Braga e dos seus arredores encontra-se bem explicita nas marcas de posse: “Biblioteca do Convento de Montariol Braga”, “Carmo de Braga 1816”, “Seminário do Monte da Madalena”, “Da Congregaçam do Oratorio de Braga”, “Da Livraria de S. Frutuozo de Braga”, “Da Livraria do Convento de Sto Antonio dos Reformados da vila de Guimarães” (Figura 6).

image012
Figura 6. REINO DE PORTUGAL. Reyno de Portugal / Cor Sculp. – Escala [ca. 1: 2 600 000], 25 [milhas de 18 ao grau] = [6 cm]. – 1 mapa : gravura, p&b ; 24,0 x 15,8 cm em folha de 29,0 x 18,5 cm. Contém a seguinte informação sobre o local e a data de impressão: “Lisboa 1739”. In: Descripção da Terra, ou methodo breve da Geographia… / por Monsieur o Abbade Lenglet du Fresnoy ; traduzido do Idioma Francez no Portuguez por João Bautista Bonavie. – Lisboa : Joseph da Costa Coimbra, 1757. – [Mapa inserido no final da obra]. Pert.: “da Livraria do Convento de Sto. António dos Reformados da vila de Guimarães”. HG 1633 A

Uma singular oferta é feita à BPB em 1853. Trata-se do Ensaio Topographico Statistico do Julgado de Montalegre (Porto, 1836), de José dos Santos Dias (1778-1846). Nele se encontra inserta uma carta topográfica do referido julgado, na escala de 1: 110 000. Diz a nota manuscrita, no verso da folha de guarda: “À Bibliotheca Nacional de Braga em testemunho d’amisade e respeito pela honrades e honestidade do seu digno Bibliothecario o Ill.mo Snr Rodrigues da Silva Off. Jose dos Santos Moura, sobrinho do author. Braga 21 de Novembro de 1853”.

Paralelamente a todo o processo descrito, decorreu no Arquivo Distrital de Braga trabalho semelhante, desenvolvido pelos Professores António Manuel Lázaro e Francisco Azevedo Mendes, da Universidade do Minho. Os trinta e um mapas e documentos manuscritos, provenientes da instituição, que fizeram parte da exposição, integram verdadeiros tesouros cartográficos, alguns até então completamente desconhecidos. Com estes investigadores, com o Diretor da instituição, Dr. António Sousa, e Sandra Menezes e Luís Araújo, trabalhamos como um só grupo, na prossecução de um objetivo comum e único: a realização da mostra cartográfica. O universo dos mapas manuscritos, implica, contudo, uma outra análise.

Para a exposição A Universal Pintura, a BPB contribuiu com cerca de cinco dezenas de peças repartidas por doze núcleos temáticos, procurando dar conhecimento do valor e diversidade das coleções: Cartografia simbólica, Cartografia histórica, Cartografia militar, Cartografia hidrográfica, Cartografia de viagens, Cartografia colonial, Cartografia de divulgação, Cartografia escolar, Processo de construção cartográfica, Cartografia regional, Cartografia local e Cartografia urbana. Não sendo temas estanques, entre eles se repartiram os exemplares cujo conteúdo, em muitos casos, lhes permitiriam ter sido escolhidos no âmbito de outra seleção.

Mais do que um resumo explicativo de cada um dos temas, os painéis expostos junto de cada conjunto de vitrines onde se exibiam os mapas originais, divulgavam um parágrafo, um poema, uma citação histórica relacionada com o tipo de Cartografia presente, recordando a referência aos mapas na literatura, na tratadística militar ou mesmo nos textos de História Sagrada. Apenas três exemplos:

Os dois versos de Poesias (Lisboa, 1933), de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), utilizados para abrir o núcleo da Cartografia simbólica:
“E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.”

A primeira referência à Cartografia colonial portuguesa, em carta do rei Afonso V, de 1443, a abrir o núcleo de Cartografia de viagens:
“A quantos esta cartam uirem fazemos saber como o ifante dom Anrrique, meu muyto prezado e amado tyo, entendendo que fazia serviço a Nosso Senhor Deus e a nos, se meteo a mandar seus nauijos a saber parte da terra que era alem do cabo de Bojador, porque atee entam nom auja njngem na cristendade que dello soubesse parte, nem sabiam se avia la poboraçam ou nom nem djreitamente nas cartas de marear nem mapamundo non estavam debuxadas, senom a prazer dos homens que as faziam, des o dicto cabo de Bojador por dhiante. E por ser cousa duujdosa e os homens se nom atreverem de jr, mandou la bem xiiijj vezes, atees que soube parte da dicta terra. E lhe trouuveram dela, per duas vezes hus xxxbiij mouros presos. E mandou dela fazer carta de marear.” (Verlinden, 1979: 3).

A passagem de uma carta do 2º Visconde de Santarém, datada de 1851, sobre a importância dos mapas antigos na defesa dos interesses coloniais de Portugal, a abrir o núcleo de Cartografia colonial:
“[…] possuindo Portugal muitas Colonias na Africa, na Asia, e no Mar Atlantico, proximas dos estabelecimentos das grandes Potencias maritimas, outras em posição que ellas nos disputam, ou poderão de futuro disputar-nos, os unicos meios que temos de provar os nossos direitos, e de advogar a nossa justiça perante ellas e perante o mundo, consistem na produção dos documentos e titulos de irrefragavel authoridade, que attestem a prioridade do descobrimento, conquista e posse delles, tanto mais que não podemos sustentar estes direitos com as nossas forças navaes oppondo-as às daquellas Potencias. Entre as provas destes direitos as mais genuinas e importantes são: 1º as antigas cartas maritimas e terrestres anteriores e posteriores aos nossos descobrimentos; 2º a combinação das mesmas cartas com os textos das relações dos descobridores, e dos que escreveram sobre estas materias.” (Freitas, 1909: 34).

Pretendeu-se, assim, cativar o público visitante para a relação entre a Cartografia e a Literatura e a Poesia, a Ideologia e a Política, a Religião, a Guerra, a Arte e a Técnica.

No espaço expositivo, além das vitrines horizontais contendo os mapas e as obras originais, foi também divulgado o universo cartográfico originalmente digitalizado (cerca de 500 documentos), através de um monitor de computador, onde de forma aleatória e permanente surgiam os mapas, plantas e vistas selecionados.

No dia da inauguração foi apresentado o catálogo A Universal Pintura. A Cartografia nas coleções da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital de Braga, coordenado por Elísio Maia Araújo, António Sousa e Rosa Cunha. Braga, Biblioteca Pública de Braga / Arquivo Distrital de Braga / VI Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, 2015 (ISBN: 978-972-9117-15-2).O volume apresenta textos dos diretores das instituições envolvidas e dos membros da comissão científica, bem como a descrição bibliográfica e a reprodução fotográfica de todas as peças expostas. A conceção gráfica da obra esteve a cargo da Arq. Sandra Luzes (Câmara Municipal de Braga).

Numa parceria institucional entre as Universidades do Minho e Porto e a Câmara Municipal de Braga, a exposição esteve patente ao público na Galeria do Largo do Paço / Universidade do Minho, entre 4 e 30 de Novembro de 2015. Assim, ao longo do mês de Novembro foram organizadas diversas visitas guiadas à exposição, pelos coordenadores e pelos membros da comissão científica, não só para o público em geral mas também para os alunos dos cursos de licenciatura e pós-graduação de História e Geografia das Universidades do Minho e do Porto. A notória afluência de visitantes, que obrigou à abertura da Galeria do Largo do Paço durante os fins de semana, não terá sido alheia ao interesse dispensado a este evento cultural pelos meios de informação local e regional, que divulgou as instituições públicas e os seus notáveis acervos documentais e, particularmente, a Cartografia.

Bibliografía

ARAÚJO, Elísio Maia (2008): “Bracara Augusta: Índice de Autores e Títulos. Vol. 1/55 (1935-2007)”. Bracara Augusta, Braga, LVI, 111 (124), pp. 1-195.

ARAÚJO, Elísio Maia (2007/2008): “Forum: Índices de autores e títulos, nº 1/40 (1987/2006). Biblioteca Pública de Braga”. Forum, Braga, 42-43, pp. 443-498.

ARAÚJO, Elísio Maia; CUNHA, Rosa Maria Macedo da (coord.) (2014): O Mundo em 80m2. Catálogo de Exposição. Braga, Biblioteca Pública de Braga.

ARAÚJO, Elísio Maia; SOUSA, António; CUNHA, Rosa Maria Macedo da, (coord.) (2015): A Universal Pintura: a Cartografia nas Coleções da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital de Braga. Braga, Biblioteca Pública de Braga e Arquivo Distrital de Braga.

BARATA, Paulo J. S. (2003): Os livros e o liberalismo. Da livraria conventual à biblioteca pública. Uma alteração de paradigma. Lisboa, Biblioteca Nacional.

BANDEIRA, Miguel Sopas de Melo (1994): “Nova Bracara Auguste Descriptio – 400 anos de divulgação mundial da cidade”. Mínia, Braga, III sér., 2, pp. 226-227.

CABRAL, Luís (coord.) (1992): A Pintura do Mundo. Geografia Portuguesa e Cartografia dos séculos XVI a XVIII. Catálogo da Exposição. Porto, Biblioteca Pública Municipal do Porto.

CABRAL, Luís; MEIRELES, Maria Adelaide (1998): Tesouros da Biblioteca Pública Municipal do Porto. Lisboa, INAPA.

CAETANO, Joaquim Oliveira (coord.) (1998): Gravura e Conhecimento do Mundo. O Livro Impresso Ilustrado nas colecções da Biblioteca Nacional. Lisboa, Biblioteca Nacional.

CID, Isabel (dir.) (1997): Lugares e Regiões em Mapas Antigos. Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

DIAS, Maria Helena (1996): “As mapotecas portuguesas e a divulgação do património cartográfico nacional. Algumas reflexões”. Cartografia e Cadastro, Lisboa, 5, pp. 43-50.

DIAS, Maria Helena; FEIJÃO, Maria Joaquina (1995): Glossário para Indexação de Documentos Cartográficos. Lisboa, Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro.

FEIO, Alberto (1920): “A Biblioteca Pública de Braga: notas históricas”. Boletim da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital de Braga. Braga, I, pp. 5-76.

FREITAS, Jordão A. de (1909): O 2º Visconde de Santarém e os seus Atlas Geographicos. Lisboa, Officina Tipographica.

GARCIA, João Carlos (1999): “Do Alasca ao Paraguai: os mapas premonitórios das independências”, As Américas. Cartografia da Independência (séculos XVIII-XIX). Porto, Biblioteca Pública Municipal do Porto, pp. 9-38.

GARCIA, João Carlos (coord.) (2001): A Nova Lusitânia: Imagens Cartográficas do Brasil nas Colecções da Biblioteca Nacional. Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

GARCIA, João Carlos; VALENTE, Carla; MOREIRA, Luís Miguel; FRESCO, António (2014): “La Cartografía del Setecientos en la Biblioteca Municipal de Coimbra: estúdio de una colección”. Revista Catalana de Geografia. Revista digital de geografia, cartografia i ciències de la Terra, Barcelona, IV época, XIX, 50 (http://www.rcg.cat/articles.php?id=312).

MARQUES, Miguel da Silva (2001): Cartografia Antiga. Tabela de equivalências de medidas. Cálculo de escalas e conversão de valores de coordenadas geográficas. Lisboa, Biblioteca Nacional.

NUNES, Henrique Barreto (1991): Crónica dos 150 anos da Biblioteca Pública de Braga. Braga, Biblioteca Pública de Braga.

NUNES, Henrique Barreto (coord.) (1994): Incunábulos da Biblioteca Pública de Braga. Braga, Biblioteca Pública de Braga.

TAVARES, Pedro Vilas Boas (1990): “ A Biblioteca e a bibliografia de um prelado ilustre D. Gaspar de Bragança, arcebispo de Braga (1758-1789)”, Actas do IX Centenário da Dedicação da Sé de Braga. Braga, Cabido da Sé de Braga, vol. II/2, pp. 273-302.

VERLINDEN, Charles (1979): Quand commença la Cartographie Portugaise ?  Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar.